Obras
sub•ver•si•vo [adj.] : buscando ou pretendendo subverter, minar, derrubar ou desafiar um sistema, instituição ou autoridade estabelecida.
Desde antes do primeiro suspiro, eu já era um desafio; minha própria vinda ao mundo foi uma rebelião. Atribuíram-me tantas regras desde o momento em que saí do útero – começando pela mais penetrante: "mulher". Um conjunto de regras inteiro por si só. Baseado em um pequeno pedaço de carne que faz parte do ecossistema pulsante e vivo que é este corpo meu. Meu lar. Nem sempre foi. Ou, pelo menos, eu não podia reconhecê-lo através da coleção de regras que adquiri ao crescer. Crescer. Um ato tão natural, selvagem – ou deveria ser. Tenta ser. Nesta estrutura que dizem sustentar nossa sociedade, "crescer" é colecionar regras. Mas sociedade: uma comunidade de plantas ou animais – é o estado de ser mais natural. Não uma estrutura que precisa ser forçada, mantida; não uma parede contra o colapso. É nosso instinto mais visceral – conectar. Não uma barreira, mas um abraço.
Que notável que, para conectar, devemos desconstruir. Para conectar, devemos abandonar as regras. "Mulher". "Namorada." "Heterossexual." "Monogâmico." "Sexy." "Profissional". "Inteligente." "BOM". "Normal." Minha lista de regras que me deram – não – martelaram em mim – poderia continuar por quilômetros, envolvendo o mundo milhões de vezes, até que eu finalmente, libertadoramente, colapse sob o seu peso. E, ao colapsar das regras, eu colapso a sociedade! Tamanha é a força que me dão enquanto, simultaneamente, me declaram dependente. Ridícule. Errado. E quanta força eu tenho, simplesmente ousando existir! Ou mais do que existir, estar vive! Em casa neste templo sagrado, santo, este corpo meu conectado. Tanta força – pois ela não é apenas minha. Meu eu sem regras, sem estrutura, sem ordem, é um oceano aberto de conexão. De comunidade. E na comunidade, um coro ensurdecedor de vozes clamando por liberdade.
Nossa raiva é sagrada. Nossos corpos sem leis são santos. Somos anjos. Nossas vidas são uma sagrada rebelião.